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  • Franco Catalano

Calçada Paulista

Quem já esteve na cidade de São Paulo certamente já reparou no desenho icônico que ainda recobre muitas de suas calçadas, sobretudo no centro da cidade. A “Calçada Paulista”, como ficou conhecida, foi resultado de um concurso realizado pela Prefeitura de São Paulo no ano de 1966. Faria Lima, então prefeito da capital, foi um visionário. Na sua gestão se iniciaram as obras do metrô, foi realizada a Marginal Tietê, a inauguração do MASP e a criação da importante avenida que, postumamente, foi batizada com seu nome. Diversos projetos foram apresentados no concurso para o novo padrão dos pisos na cidade, mas o vencedor foi um desenho de aparência simples: a abstração do mapa do Estado de São Paulo, reduzido a formas geométricas primárias: dois quadrados e quatro triângulos.



A vencedora, Mirthes Bernardes, trabalhava como desenhista de arquitetura na Secretaria de Obras de São Paulo, permanecendo anônima por muitos anos, nunca tendo recebido qualquer remuneração pela criação que serve até hoje de inspiração em todo o Estado. Uma concepção simples, racional, rígida e pragmática, assim como a população da pauliceia é conhecida. E é essa simplicidade e objetividade que o tornaram tão especial. A escolha das cores, preto e branco, e o padrão infinito, que pode ser replicado sem emendas no desenho, trazem à memória a famosa calçada de Copacabana (de origem portuguesa), revitalizada nos anos 70 pelo paisagista Roberto Burle Marx.


Burle Marx, em oposição à Mirthes, reproduziu em gestos aparentemente livres, curvas que remetem à natureza, ao mar, ao Pão de Açúcar. São Paulo e Rio de Janeiro não poderiam ser mais opostos. A sisudez da terra da garoa e a bossa da terra da garota de Ipanema inspiraram o design, que hoje consolidou-se como um dos mais fortes símbolos das respectivas cidades.

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